Formação em Eutonia
¨Toda a formação está baseada no respeito pela personalidade do aluno. O respeito a cada indivíduo constitui a base do desenvolvimento do aluno para conseguir ser um eutonista consciente.
Um eutonista integra em sua vida diária os princípios básicos da eutonia, sendo capaz de adaptar o ensino às exigências especiais que surgem do trabalho com diferentes grupos e indivíduos em quaisquer disciplinas que os alunos decidam praticar depois de se formarem.¨
(Escola Gerda Alexander / Copenhagen. IN: Gainza, 1997)
O curso de formação profissional em eutonia no Brasil habilita o profissional a ministrar aulas em grupo e a realizar atendimentos individuais. Atualmente ministrado pelo IBE – INSTITUTO BRASILEIRO DE EUTONIA – FORMAÇÃO E PESQUISA, que conta com uma equipe engajada na formação de novos profissionais respeitando os parâmetros inspiradores legados por Gerda Alexander atualizados ao nosso tempo.
FORMAÇÃO IBE - INSTITUTO BRASILEIRO DE EUTONIA
UM PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO PESSOAL
A formação é, além de um caminho de aquisição profissonal, um processo de transformação pessoal. Para que o aluno se torne um eutonista, passa por um processo pessoal pela eutonia e baseará sua futura atuação nessa experiência pedagógica e terapêutica. A síntese teórica acontecerá de forma conjunta com o grupo de formação, um processo vivencial onde todos tecem a experiência com a teoria. (veja mais no cap. Processo terapêutico e a formação de eutonia de Luciana Gomes no livro Eutonia experiência clínica e pedagógica. Ed. Zagodoni. 2013).
PÚBLICO ALVO
Aqueles que desejam adotar a eutonia como caminho profissional e estudantes de áreas que possam ser enriquecidas pela prática da eutonia como psicólogos, pedagogos, fisioterapeutas, médicos, terapeutas corporais, educadores, bailarinos, músicos, atores, artistas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos e enfermeiros e aos que pensam na eutonia como instrumento de desenvolvimento pessoal.
TEMAS
Didaticamente a formação se constrói de forma que o aluno vivencie cada um dos temas da Eutonia de forma aprofundada. No entanto, é importante que se diga que em todo tempo todos os temas serão trabalhados, a cada momento é lançado um foco, um aprofundamento, para que o aluno possa absorver o que da especificidade de cada um deles se constrói em sua experiência corporal.
A linha condutora da formação é a integração da Imagem Corporal alcançada pelo enriquecimento da sensibilidade superficial e profunda do corpo e o aprofundamento do “Estado de Presença” que acompanhará toda a vida do aluno. Por meio das vivências cada um terá a oportunidade de aprender a flexibilizar seu próprio tônus corporal, a desbloquear as tensões musculares, abrir espaços articulares, construir uma postura mais adaptada às necessidades de seu cotidiano e desenvolver sua expressividade pelo movimento.
Os temas são trabalhados em sequência:
Consciência da pele – Tato consciente
[…] a primeira tarefa, que pode levar muito tempo, é a de despertar a sensibilidade da pele e, assim, recuperar a imagem do corpo. (ALEXANDER, 1991, P.11)
O aluno vai experimentar a pele de muitas formas, ampliando seu repertório de experiência tátil. Vivenciando o contorno de seu corpo e todas as experiências que este processo evoca, integrando físico e psíquico.
Consciência dos ossos
A experiência dos ossos é central na formação para que o aluno se perceba em seu próprio esqueleto, podendo usufruir a estabilidade que os ossos proporcionam. À medida que avança nesta capacidade, aprenderá a utilizar os ossos em seus movimentos ganhando economia de esforço com equilíbrio do tônus.
Espaço Interior (espaço interno)
O espaço interior do corpo será trabalhado a partir da integração entre a vivência da pele e dos ossos e o interior do corpo e seus órgãos. Serão habitadas as cavidades craniana, torácica, abdominal e pélvica, os espaços articulares, o volume de cada parte do corpo, seu comprimento, a relação entre as partes, a tridimensionalidade. Por meio da experiência do espaço interior o aluno aprofunda um contato íntimo consigo mesmo.
Contato consciente
O Contato consciente está presente em todos os trabalhos da eutonia, pode-se dizer que ele é a consciência que se dá para além dos limites da própria pele, a capacidade de se relacionar com um objeto ou outra pessoa, de sentir e perceber para além da parte tocada ou mesmo sem tocá-la, a energia passa do limite do próprio corpo. Durante a prática do Contato pode haver a descarga das tensões corporais, por isso ele é uma potente ferramenta de trabalho durante as aulas e tratamentos das desordens corporais. É também um recurso para intensificar as relações interpessoais à medida que facilita a percepção de si, do outro, do espaço circundante e da irradiação que acontece durante a sua prática. Pode-se dizer sem susto, que o Contato é o mais poderoso remédio que a eutonia possui. Durante a formação o aluno aprende a praticar o Contato em relação aos objetos, tanto com o objetivo de eliminar as tensões corporais, como para a execução das atividades artísticas como, por exemplo, na relação entre o músico e seu instrumento musical. A prática de movimento com Contato entre os alunos da formação se inicia dois a dois e se expande para três ou mais pessoas. Esta prática também poderá ser incorporada posteriormente em práticas de dança, teatro, esportes e especialmente na própria relação entre o eutonista e seus alunos, tanto nas aulas em grupo quanto durante os tratamentos.
Repousser e Transporte
Repousser em francês significa repelir, esta é uma prática da eutonia em que o aluno empurra com uma parte de seu corpo contra uma resistência, ele permite e acompanha conscientemente a resposta de seu corpo a este empurrar. A resistência pode ser o chão, a parede, uma parte do corpo de outra pessoa. Ao empurrar ele tem a oportunidade de perceber zonas de bloqueio no corpo e trabalha-las no sentido de desbloquear, deixando que a força de reação atravesse seu corpo estimulando ossos e músculos de formas variadas.
A prática do Repousser ativa o reflexo postural, este acontece pelo estímulo dos mecanorreceptores na superfície do corpo e a ele está relacionada uma reposta estereotipada de endireitamento postural. Esta resposta é muscular e é somada à consciência e passagem da força de reação através dos ossos. À consciência e integração do reflexo postural ao movimento, Gerda Alexander deu o nome de Transporte.
Quando o corpo está livre de tensões o Transporte gera um movimento leve e com economia de esforço, acionando a musculatura responsável pelo movimento de forma equilibrada e organizando o equilíbrio do esqueleto em relação à força da gravidade. Ao mesmo tempo, a prática do Transporte auxilia na liberação das tensões corporais. Esta é uma prática de equilíbrio do tônus.
Movimentos ativo-passivos
Os movimentos ativo-passivos são aqueles em que se atividade e passividade se alternam. Através de sua prática o aluno aprende a controlar a ação da inervação motora. Partindo do movimento ativo o aluno promove uma interrupção intencional do movimento seguida da completa passividade, é um momento em que permite aos músculos a não ação. Da energia alcançada durante a passividade uma nova fase de movimento ativo pode acontecer. A passividade não se confunde com o “desmoronamento” do corpo. Esta qualidade de movimento propicia o aprendizado de controle da atividade motora, além de ser um potente meio de regulação da atividade tônica.
Micromovimentos
Os micromovimentos são movimentos realizados de forma mínima, praticamente utilizando apenas a intenção de movimento, envolvem normalmente a ação sobre uma única articulação. Promovem uma consciência precisa da estrutura óssea e um controle fino da coordenação motora das partes envolvidas. Melhora muito a circulação sanguínea na região.
Microestiramentos
Os microestiramentos são uma especialidade dos micromovimentos que resulta no ganho de espaço articular a partir de promover o afastamento dos ossos que compõem uma articulação em direções opostas.
Deslizamento de ossos (Gliding Bones)
Ainda dentro das especialidades dos micromovimentos temos o deslizamento dos ossos, que se alcança a partir do distensionamento dos músculos superficiais com o objetivo de liberar a musculatura mais profunda, aquela responsável pela estabilidade do corpo em relação à gravidade. Liberando as tensões mais profundas permite-se que o osso deslize no interior do corpo, minimamente, causando a melhora da circulação sanguínea, recuperando sua vitalidade.
Movimento Eutônico
O aluno aprende a integrar todos os elementos apreendidos durante sua formação na execução de seus movimentos, tanto aos mais simples ligados às atividades do cotidiano, quanto aos movimentos expressivos. Pratica os movimentos eutônicos individualmente, criando sequencias de movimento e em grupo, integrando também o Contato com seus colegas.
Posições de controle
Sequência criada por Gerda Alexander para observar a qualidade de movimento, a flexibilidade muscular e a amplitude articular, permite integrar os elementos da eutonia e a prática do contato entre os alunos.
APRENDIZADO DA TERAPIA DA EUTONIA
O aprendizado da Terapia da Eutonia se inicia pela prática do autocuidado, da auto-observação e pelo planejamento de como trabalhar em si com as ferramentas eutônicas, integrando sua imagem corporal, fortalecendo sua personalidade, aprendendo a escutar suas necessidades de ação, de repouso, de tratamento.
À medida que a formação avança, o aluno aprende a realizar os toques eutônicos em seus colegas, desenvolvendo sua habilidade em utilizar o Contato Consciente em cada ação terapêutica que pratica.
Ao final do curso fará estágio com supervisão, aprofundando sua prática na Terapia.
PEDAGOGIA DA EUTONIA
Chama-se de pedagogia da eutonia o aprendizado voltado para ministrar as aulas em grupo. Ele se dá tanto por reflexões teóricas ligadas a este campo, quanto à prática supervisionada pelos professores, primeiro para seus colegas de formação, depois para um grupo de pessoas que nunca praticaram eutonia antes.
ESTRUTURA
A ESTRUTURA DO CURSO ESTÁ ADAPTADA PARA O FORMATO HÍBRIDO
A formação compreende um currículo a ser cumprido entre aulas práticas e teóricas ao longo de 42 meses (785 horas), elaboração de trabalhos teóricos e práticos avaliados no decorrer de todo o processo.
No 3o ano o aluno realizará estágios supervisionados em Pedagogia (aulas em grupo) e Terapia (atendimento individual)
Atividades:
Aulas um final de semana por mês, sábado e domingo das 9:00 às 17:30 e no 1o ano 1 sexta por mês em horário a ser definido pelo grupo
a partir do 2o ano 2 módulos de 5 dias em janeiro e julho
REQUISITOS PARA A FORMAÇÃO PROFISSIONAL:
- Apresentação de mini currículo e carta de intenções para agendamento de entrevista, em que, além de conhecermos o aluno, apresentaremos o curso e esclareceremos as dúvidas.
- Até o final do primeiro ano de formação profissional o aluno deve ter completado a vivência em Eutonia de 30 horas em grupo e 10 sessões individuais com eutonistas credenciados pela Associação Brasileira de Eutonia.
Equipe IBE da esquerda para a direita: Tereza Gomes, Patrícia Decot Pernambuco, Gabriela Bal, Maria Thereza Feitosa, Jean-Marie Huberty, Luciana Gandolfo, Luciana Gomes
Alunos e Professores em março de 2016 Durante o mês de março de 2016 recebemos o professor Jean-Marie Huberty, aluno direto de Gerda Alexander, para as aulas do final de semana. Encanto e profundidade.